quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nada fazia muito sentido em sua vida. Estava se sentindo perdida no meio da multidão. Interrogações, insatisfações, e quando olhava para trás via o quanto a sua vida foi tão mesquinha. Sentia-se totalmente infeliz e sem perspectiva de futuro. Mentiras faziam parte de seu repertório; quando precisava, lançava mão delas para defender-se de suas próprias trapalhadas ou atitudes erradas. O tempo não demorou a passar e ela também estava se enganando em suas próprias mentiras; estava tudo tão real e agora estava impossível de se desvencilhar desta situação perigosa.
Sentia vergonha de sua situação, mas agora era tarde demais para voltar atrás; expor esta fraqueza traria vergonha e decepção. O primeiro deslize seria motivo de desconfiança e acusações. E na verdade, era cômodo demais lançar mão desta faceta quando lhe era conveniente, não se sentia pronta para abrir mão dela. Pelo menos por enquanto.
O tempo passou e a sua vida de fracassos e tristezas foi fazendo parte de seu passado. Conquistou alguns objetivos e dentre eles a tão desejada independência financeira. Conquistou também um grande amor, e desse momento em diante começou a viver os momentos mais intensos e felizes de sua vida. Ele era o homem que tinha sonhado para sua vida; parecia ter sido feito à mão, por encomenda; digno, honesto e correto em seus costumes, causou-lhe um certo estranhamento devido ao seu péssimo hábito. A convivência com aquele homem maravilhoso começou a incomodá-la; queria uma nova chance, ser uma mulher digna, à altura do companheiro que conquistou. Queria muito livrar-se de seu comportamento compulsivo, não desejava que este erro levasse seu relacionamento à ruína. Por mais que lutasse contra sua tendência ruim, era mais forte que ela. E sua fraqueza parecia estar vencendo o desejo de mudança. Não demorou muito, e começou a embriagar-se. No início, uma tulipa de cerveja, depois garrafas e garrafas de vinho.
Numa noite quente de verão, no auge de sua embriaguez, começou a fazer uma retrospectiva de sua vida, das suas compulsões e escolhas. Havia dois caminhos: curar os traumas e feridas que ainda sangravam em seu peito ou viver uma vida frustrada e cheia de mágoas. Não podia deixar para trás todas as grandes conquistas de sua vida. As oportunidades deveriam ser aproveitadas, e suas más escolhas estavam prestes a colocar tudo à ruína. Dependia somente dela uma mudança de atitude para que sua vida saísse dessa trajetória que ia ao encontro do fracasso. Era hora de buscar ajuda. Suas frágeis mãos se esticaram para alcançar a pequena agenda telefônica; folheou as páginas e achou o número do psiquiatra. Discou o número e esperou o sinal da chamada. Seu coração pulsava muito forte. Aquela ligação era a chamada da esperança de sua vida...

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